quinta-feira, 9 de outubro de 2008

The Cult mostra sucesso da reconciliação no show em São Paulo

No terceiro compromisso de uma turnê extensa pelo Brasil, com seis datas, os ingleses do The Cult mostraram ontem à noite no Credicard Hall, em São Paulo, que, apesar de terem vivido seu auge na década de 1980, ainda têm relevância nos palcos de hoje, em especial para a massa sólida de fãs que acompanha a banda.
Mergulhado no heavy metal britânico, com olhos no pós-punk e ouvidos no bom rock sessentista, o Cult nunca chegou a estabelecer uma personalidade muito nítida. Mesmo assim, cravou singles de sucesso no imaginário roqueiro na passagem das décadas de 1980 e 90 e possuía um vocalista talentoso, Ian Astbury.
O esmorecimento do grupo nos anos seguintes e brigas internas fizeram com que Astbury se unisse aos remanescentes do The Doors no Riders on the Storm, tentando encarnar um Jim Morrison moderno (e vivo). A aventura rendeu seus dividendos, mas o vocalista botou a mão na cabeça, percebeu que ser cover não tinha futuro e fez as pazes com o antigo grupo.
A reconciliação rendeu o álbum Born Into This, surpreendentemente juvenil, e a turnê que está passando pelo país. Se o Cult parece não saber muito bem qual é seu público hoje, isso não incomodou em nada os fãs que compareceram em bom número ao Credicard Hall e reverenciaram o grupo do início ao fim.
A dedicação estava evidente antes mesmo da banda subir no palco – o atraso de 40 minutos fez os roadies ouvirem protestos irados. O quinteto, enfim, fez sua entrada sob spots de luz negra. Ovacionados, tocaram na sequência "Nirvana" e "Rain", duas faixas de Love (1985), talvez o disco mais cultuado do grupo. A surpresa foi que uma coluna inteira de caixas em um dos lados do palco permanecia silenciosa e o som, consequentemente, em mono. O problema só foi corrigido na quarta música e, a partir daí, a temperatura subiu.
Da formação original, só permanecem Astbury e o guitarrista Billy Duffy que, de fato, são as estrelas da noite. O vocalista consegue deixar um pouco de lado os tiques a la Jim Morrison que assobraram sua figura nos últimos anos e, apesar da idade estar evidente, cumpre seu papel com perfeição. O mesmo pode se dizer de Duffy: os holofotes seguem sua guitarra o tempo todo e tirando alguns momentos de exibicionismo "guitar hero", sua habilidade no instrumento surpreende e dita o show.
A receptividade da platéia só fez os dois se soltarem ainda mais ao longo da apresentação. "Fire Woman", "Spiritwalker" e "Li' Devil" inspiraram coros emocionados, pulos de gente abraçada e copos erguidos no ar. As músicas novas ("Illuminated", "Dirty Little Rockstar") soaram enérgias ao vivo e ficaram bem ao lado dos hits. Nem a balada "Edie" diminuiu os ânimos e abriu espaço para isqueiros e celulares brilharem.
Encorajado por insistentes gritos de "olê, olê, Cultê, Cultê", Astbury agradeceu, conversou bastante, mandou beijos estalados e até tentou imitar o tal "olê". A saída para o bis aconteceu com o sucesso "Love Removal Machine", um dos grandes momentos da noite, que espalhou rodas por toda a platéia.
Só com isso, o retorno ao palco já seria caloroso, mas os hits "Love Removal Machine" e "She Sells Sanctuary" arrancaram até lágrimas dos fãs mais dedicados. Com uma recepção dessas, é certo que eles devem estar pensando que uma turnê anual pelo Brasil não seria má idéia.
O Cult toca nesta sexta-feira (10) em Brasília, no Iate Clube, repete a dose no sábado, em Fortaleza (Ceará Music Festival), e se despede dos brasileiros na segunda-feira, no Circo Voador, Rio de Janeiro. Veja o setlist do show na capital paulista:
"Nirvana""Rain""I Assassin""The Witch""Fire Woman""Edie (Ciao Baby)""Illuminated""Li' Devil""Horse Nation""Spiritwalker""Rise""Savages""The Phoenix""Dirty Little Rockstar""Wild Flower""Love Removal Machine"Bis:"Sweet Soul Sister""She Sells Sanctuary"
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